De todas as formas de expressão de dança que é possível encontrar pelo mundo, poucas têm como as Sevilhanas uma origem tão rica e plena de significados históricos e culturais, fruto do lugar onde nasceram que, de forma geoestratégica, permitiu encontros com tantas culturas e religiões como só a Andaluzia viveu e Sevilha cantou, como mais nenhum outro lugar do mundo poderia ter cantado e dançado.
De todas as influências, as Sevilhanas parecem ter depurado sempre o melhor, preservando o garbo e a dignidade do porte, a finura delicada dos movimentos, a agilidade, a leveza, a alegria dos corpos. Sendo dançada de forma mais popular, ou de forma mais académica, a vivacidade da sua natureza desperta a atenção e o interesse de quase todos.
E se ao longo dos tempos a Sevilhana se mantém sempre dinâmica e atual, é por ser transversal na vida de quem a dança, não só nos aspetos lúdicos e sociais que a Sevilhana comporta mas também ao nível da saúde.
Numa era em que os avanços científicos e tecnológicos permitem uma maior capacidade de resposta às necessidades individuais, existem lacunas ao nível da integração do indivíduo na comunidade e da sua relação com a mesma que continuam a carecer da devida atenção.
A experiência de ter acompanhado tantas pessoas a dançar as Sevilhanas ao longo de vários anos, possibilitou-me testemunhar a forma como existem alterações no comportamento de quem as dança, independentemente da idade com que as aprende e as começa a dançar, tanto ao nível da saúde, como na sua relação com o outro e com a comunidade, passando a mostrar uma autoestima mais elevada e confiante e mais dinamismo e segurança ao nível das ações motoras e cognitivas.
A Sevilhana é uma das danças espanholas mais dançadas e difundidas, tanto em Espanha, como no mundo. Sempre em evolução, possui uma grande variedade de estilos em qualquer uma das suas três componentes: dança, canto e toque.
Sendo o principal objetivo desta tese a análise coreográfica das Sevilhanas, foquei a pesquisa na componente da dança para conhecer, estudar e registar algumas das formas de dançar as Sevilhanas.
Durante o meu percurso profissional contactei em proximidade com a realidade das Sevilhanas, quer em Espanha, quer em Portugal, ou mesmo na Suécia (durante o estágio da Licenciatura), e verifiquei que as Sevilhanas são dançadas de maneiras diferentes.
Apesar da sua complexidade, a Sevilhana é uma dança popular que se pode aprender tanto em ambientes informais, em família, em festas e feiras, como em ambientes mais formais, as chamadas “Academias”. Espanha tem uma longa tradição de mestres de dança, os maestros, que de alguma forma se mantém até aos dias de hoje e se vai atualizando também com a utilização de novas tecnologias, estando disponíveis no mercado vários vídeos didáticos realizados com intenção de ensinar a dançar as Sevilhanas.
Por questões logísticas e práticas, decidi limitar a pesquisa à observação e análise de vídeos didáticos de Sevilhanas disponíveis no mercado espanhol e averiguar da possibilidade de definição de uma Estrutura de Composição Coreográfica da dança Sevilhanas através da definição de invariantes.
Esta pesquisa foi conduzida com o principal propósito de analisar as estruturas coreográficas das Sevilhanas através da observação sistemática do comportamento motor, e sistematizar a coreografia de Sevilhanas apresentando-a de forma esquematizada, numa tabela que indique a estrutura musical e a estrutura coreográfica e espacial.
Este trabalho visou a análise coreográfica das Sevilhanas através da observação sistemática do comportamento motor, pretendendo definir a Estrutura de Composição Coreográfica desta dança, através da identificação de invariantes.
Objetivou-se apresentar a coreografia de Sevilhanas de forma esquematizada, numa tabela que indique a estrutura musical, coreográfica e espacial.
Para cumprir o objetivo principal, procedeu-se à identificação e descrição dos passos que constituem a coreografia; à apresentação de uma proposta de terminologia para os passos; e à identificação das constantes coreográficas que permitem reconhecer a Estrutura de Composição Coreográfica.
Os dados foram obtidos a partir da observação sistemática de 15 coreografias de Sevilhanas Normais retiradas de 15 vídeos didáticos realizados com o intuito de ensinar a dançar Sevilhanas. No decorrer do estudo, foram também observadas 3 coreografias de Sevilhanas Boleras.
Os resultados permitem concluir que as Sevilhanas Normais têm uma Estrutura de Composição Coreográfica dividida em duas componentes, a Estrutura Coreográfica Base e a Estrutura Coreográfica Específica, pelo que se avançou com a definição do Esquema Coreográfico das Sevilhanas Normais.
Concluiu-se também que a coreografia de Sevilhanas Normais é diferente da coreografia de Sevilhanas Boleras, apesar de a Estrutura Coreográfica Base ser a mesma.
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